Em assembléia realizada na noite de quarta-feira (16), estudantes da Universidade de São Paulo (USP) decidiram entrar em greve a partir da quinta-feira (17) por tempo indeterminado e manter a ocupação da reitoria, que já completa 14 dias. Assim, se somam aos funcionários da instituição que já estão paralisados. Já os docentes deliberaram, na terça-feira (dia 15), um indicativo de greve para o dia 23.
Antes da assembléia dos estudantes, a Justiça determinou a reintegração de posse da reitoria. Mesmo assim, a esmagadora maioria dos 1500 universitários presentes decidiu pela continuidade do protesto e pela greve.
O mandado foi expedido pelo juiz Jayme Martins de Oliveira Neto, da 13º Vara da Fazenda Pública do Estado de São Paulo, concedendo um prazo de 15 dias para a contestação e autoriza que a reintegração poderá contar "com força policial que, porém, deve agir com as cautelas necessárias e imprescindíveis à situação", diz o documento. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), a adesão da greve é de 70%. No prédio da Geografia e História, e na Educação, estudantes tiraram as carteiras da sala de aula.
Reivindicações
Os estudantes decidiram manter a ocupação por considerarem "insuficientes" as propostas feitas pela reitora Suely Vilela. Segundo a organização, nem mesmo as cinco reivindicações prioritárias para o movimento, dentre as 14 existentes, foram atendidas.
Diante dessa decisão, a reitoria enviou, na tarde do dia 15, uma carta à ocupação, afirmando a suspensão das atuais propostas caso os alunos não saíssem do prédio até às 16 horas. No informe, a direção da USP se diz disposta "a prosseguir na análise dos temas da pauta de reivindicações, por comissão paritária de professores e alunos, a ser constituída após a desocupação". Como os alunos não cederam, a reitoria estaria analisando possíveis medidas judiciais contra os manifestantes.
Dentre as principais demandas estudantis estão: a construção de mais moradias estudantis; abertura do conselho universitário (CO) à participação dos estudantes, funcionários e professores; contratação imediata de professores e funcionários de acordo com as demandas de cada unidade da USP; e reconstrução e manutenção dos prédios que apresentem tais necessidades.
A proposta que obteve maior avanço foi a relativa às moradias estudantis. Das 771 vagas exigidas, a direção se comprometeu a construir 334 vagas. Entretanto, aceitar a proposta, alegam os, em nota, os estudantes, "seria adiar mais uma vez a resolução de um problema histórico, consistindo numa irresponsabilidade do movimento estudantil".