22 dezembro 2007

Alunos descontentes com Bolonha manifestaram-se ontem

Alguns alunos da Universidade do Minho (UM) manifestaram, ontem, o seu descontentamento face à forma como o processo Bolonha está a ser implementado na academia, e também face ao elevado custo das propinas no segundo ciclo. O protesto ficou marcado pela fraca adesão. Os alunos queixam-se das poucas explicações por parte dos órgãos superiores e acreditam que, com esta actividade, vão “obter alguma resposta por parte da Reitoria”, avançou Adriana Santos, aluna do primeiro ano do segundo ciclo de Ciências da Comunicação (CC) e uma das responsáveis pela manifestação.
O nosso mestrado não é integrado, por isso é que estamos a pagar este valor dos 1375 euros”, referiu Adriana Santos, revoltada com toda esta situação, já que “nunca ninguém explicou porque é que o mestrado da licenciatura de Ciências da Comunicação não pode ser integrado e por que é que os dos outros cursos, que existem na UM, são integrados”, acrescentou a estudante.
Adriana Santos considera que para acabarem com o descontentamento dos alunos minhotos, os responsáveis “podiam baixar esse valor [da propina de mestrado], já que repentinamente fomos obrigados a pagar essa soma avultada”. A também delegada de turma sabe que “nem todos os alunos têm possibilidades económicas para suportar esse custo”. “Não podemos ser meros bonecos que têm de acarretar medidas de cima”, protestou.
Santos disse, ainda, que caso os alunos queiram desistir do mestrado têm de “pagar 948 euros de propinas para ter acesso à carta de curso e ficar legalmente licenciados”. Tal é considerado pela aluna “uma estupidez”.
No entanto, a estudante explicou que a direcção de curso (CC) “sempre tentou salvaguardar as expectativas dos alunos e encontrar a melhor solução para todos”. Apesar disso, todas as “propostas que foram colocadas em cima da mesa acabaram por não poder prosseguir”. “A última proposta que tentaram foi que o mestrado fosse integrado e foi recusada”, rematou a estudante.
Ainda assim, a aluna da academia minhota acredita que o “espírito de Bolonha é algo bom, mas não da forma como foi aqui implementado”.
Manifestação marcada por fraca adesão
A manifestação convocada pelos alunos de Ciências da Comunicação contou com a presença e o apoio do Agrupamento de Intervenção e Resposta (AGIR) da UM. Ainda assim, a adesão foi baixa. Adriana Santos acha tal facto “uma situação inconcebível”. Deste modo, a aluna não sabe “até que ponto há moral para exigir se as pessoas não estão aqui a lutar”. A aluna considera que a fraca adesão deve-se ao “comodismo” dos alunos.
A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) também não esteve presente na manifestação. Adriano Campos, aluno do terceiro ano de Sociologia, considera que “passaram dois anos e a AAUM foi irresponsável para com os alunos”. A “associação académica sabe os problemas que Bolonha acarreta”, pois foram “aprovadas em inúmeras Reuniões Gerais de Alunos moções de protesto em relação ao processo de Bolonha”.
O estudante declarou, ainda, que a associação da academia minhota tem tido “um papel de deixar andar, de ‘vamos ver’, ‘mandamos cartões ao ministro’”. “Nos momentos essenciais, em que os alunos se juntam e querem ver a sua vida resolvida, a AAUM está mais preocupada em comemorar os 30 anos da instituição - foi isso o que nos responderam”.
Segundo o aluno da licenciatura de Sociologia, “o movimento AGIR tenta criar o espaço que a AAUM não nos dá”. “Fomos completamente solidários com esta concentração, por acharmos que representa o desagrado e os problemas que os alunos têm vindo a enfrentar”.
“Bolonha é, no fundo, vender gato por lebre. Os alunos vão pagar mais para ter o mesmo e ainda mais problemas”, conclui o estudante, para quem o governo de Sócrates “não tem tido a mínima consideração para com os alunos, seja a nível de estudos, seja a nível de financiamentos”.

21/12/07Cidália Barros

19 dezembro 2007

MANIFESTAÇÃO, Não te cales!!!


Os colegas de Comunicação Social convocaram esta manifestação por estarem fartos de ser prejudicados. Todos nós sofremos já ou acabaremos por sofrer os mesmos problemas, vamos reenvindicar os nossos direitos!

APARECE E FAZ-TE OUVIR!!!

Manifestação, Bolonha já chega!!!


18 dezembro 2007

BOLONHA UM ANO DEPOIS!

Bolsas, RJIES, Propinas, RIAPA...


JOAQUIM FREITAS ROCHA
Professor Escola de Direito

DANIEL MARTINS
Estudante 2ºCiclo História


Debate – 4ª, 19 Dez, CP2-304, 16h30

17 dezembro 2007

16 dezembro 2007

11 dezembro 2007

Biblioteca do ICS não vai reabrir

A biblioteca do Instituto de Ciências Socias (ICS), encerrada durante o último ano lectivo, vai continuar fechada, segundo a decisão tomada pelo Conselho do ICS, na passada semana. Segundo o presidente do Instituto e docente da Universidade do Minho (UM) Moisés Martins, “a biblioteca não vai abrir mais, pois não há condições para a sustentar”.

A última funcionária da biblioteca do ICS reformou-se no passado ano lectivo, deixando o espaço sem responsável. O Reitor da UM, Guimarães Rodrigues, rejeitou a proposta apresentada pelo presidente do instituto, que apelava à substituição da antiga funcionária. O ICS não dispõe de verbas suficientes para contratar novos elementos, o que faz com que qualquer funcionário ou docente que saia do instituto “não possa ser substituído”, revela o Moisés Martins.
O orçamento da UM diminuiu, o que levou à redução das verbas destinadas às escolas da academia minhota. Para resolver este problema, Guimarães Rodrigues foi retirar às escolas verbas próprias, que não poderão ser repostas. “O ICS já não tem verbas próprias, porque entrou no orçamento geral para repôr o nivel do orçamento que a academia necessitava para pagar a funcionários e docentes”, explica o responsável.
“Retiraram-nos as verbas que foram acumuladas ao longo dos últimos trinta anos”, lamenta Moisés Martins, acrescentando que “estas verbas eram necessárias para resolver situações como esta”. A ausência de verbas próprias impossibilita a contratação de novos funcionários e docentes, pois o ICS “está sem dinheiro”, afirma Martins.
Torna-se, assim, difícil encontrar alguém na UM que possa assegurar o posto na biblioteca do ICS, pois não é permitido contratar um funcionário através de concursos externos. A biblioteca não dispõe de pessoal com uma formação adequada para responder às necessidades dos estudantes.
Rejeitada ideia de manter biblioteca com ajuda de estudantes
Entregar a responsabilidade da biblioteca do ICS aos estudantes é outra proposta com a qual Moisés Martins discorda, pois considera que estes não dispõem de qualquer tipo de formação para assegurar o bom funcionamente do espaço. “Não é só uma questão de assegurar uma presença, é preciso ter um conhecimento mais vasto”, indica, para depois completar: “trabalhar numa biblioteca é diferente de ir para um bar servir cafés”.

Houve uma fase de experimentação na qual, durante dois meses, dois alunos trabalharam na biblioteca do ICS, tentando prestar os mesmos serviços anteriormente assegurados. O período de demonstração veio mostrar que aquela “não era a solução adequada”, explica o docente.
Alunos contrariados com a situação
A Presidente do Grupo dos Alunos de Comunicação Social da Universidade do Minho (GACSUM), Cláudia Lomba, espera que a situação da biblioteca esteja a ser resolvida. “A biblioteca tem a bibliografia específica que nos faz muita falta para os trabalhos”, explica.
O GACSUM pensa apresentar uma proposta ao Presidente do ICS, em que alunos do núcleo ficariam na biblioteca. A aluna revela que todos os elementos do núcleo concordaram com a proposta, como uma espécie de “sacrifício para o bem geral”. O grupo pensa entrar ainda em contacto com os outros núcleos do instituto, para que também participem na iniciativa.
Cláudia Lomba percebe que a situação não seja simples porque é “necessário manter os serviços mínimos da biblioteca”. A estudante aguarda uma decisão por parte do instituto para que o material fique disponível ou no ICS, ou na Biblioteca Geral. “Não pode continuar assim, com o material fechado”, conclui.
O aluno do 1º ano de Arqueologia, Filipe Gueussier, tem a mesma opinião: tem sentido dificuldades em consultar a bibliografia da biblioteca do ICS. “As universidades devem promover o máximo de informação e conhecimento, o que não está a ser feito”, denuncia.
Para o aluno do 3º ano de Sociologia Adriano Campos, o encerramento tão prolongado da biblioteca não faz sentido. “O encerramento é mau para os alunos, para os professores e para a comunidade académica”, explica. O estudante acredita que o principal problema é o “individualismo sufocante” que existe na UMinho. “Nenhum problema é colectivo, é de cada aluno ou de cada escola”, critica.
Alunos e ICS de acordo: encerramento da biblioteca é lamentável
O aluno lamenta a situação, pois acredita que a biblioteca era “um espaço de excelência”, e tem sentido dificuldades na procura de bibliografia mais específica, como monografias de estágio e revistas de Sociologia. “É tudo uma questão de prioridades, faltam verbas para pagar uma funcionária, mas temos dinheiro para construir campos de golfe”, explica. Face à situação, Adriano Campos pensa que os alunos devem reivindicar os seus direitos: “deveriam cobrar os seus directores de cursos, os seus delegados de ano, a AAUM e a reitoria”.
Moisés Martins mostra-se insatisfeito com a situação, admitindo que “o instituto também está muito descontente com o modo como muitas coisas são tratadas na UM”. “Esta é a única saída, pois foi algo que nos foi imposto quando não houve mais nenhuma alternativa”, afiança o Presidente do ICS, mostrando-se solidário com o descontentamento dos alunos. “É uma situação triste, pois a biblioteca é o coração de um instituto”, conclui.

10/12/07Sylvie Oliveira em O COMUM-ONLINE

07 dezembro 2007

Estudantes do 2º Ciclo ainda sem bolsa de estudo






Processo de equivalências está a atrasar a atribuição dos subsídios
A situação não é nova, e já se arrasta há algum tempo: os alunos que frequentam o 2º ciclo - mestrado - de alguns cursos (por exemplo Ciências da Comunicação) da Universidade do Minho (UM), ainda não receberam o dinheiro da bolsa de estudo. Esta situação tem motivado queixas por parte dos estudantes visados, que, por terem os processos de inscrição e equivalência bastante atrasados, correm o risco de ter de esperar ainda mais algum tempo até receberem a devida compensação financeira. O ComUM foi falar com alunos e responsáveis, para tentar perceber a dimensão do problema.

A entrada dos Serviços de Acção Social. Foto: Francisca Fidalgo
Carolina Lapa estaria agora, em condições normais, no 5º ano de Comunicação Social. Com Bolonha, estará a frequentar o 2º ano do 2º Ciclo do (renomeado) curso de Ciências da Comunicação (CC). Estará, pois ainda não está inscrita nos Serviços Académicos (SA). “Fiz a única inscrição possível, que era inscrever-me no 1º ano do 1º Ciclo”, declara a aluna, que actualmente se encontra a realizar o estágio curricular. “Mudar de cidade, almoçar diariamente fora e pagar transportes públicos torna-se incomportável a um aluno bolseiro sem bolsa” queixa-se Lapa.
Quando foram divulgados os resultados das bolsas, a 30 de Outubro, a estudante foi surpreendida com o resultado: ‘Sem Inscrição nos SA’, era a informação disponível. “Fui aos Serviços de Acção Social (SAS) explicar que ia começar o meu estágio dali a um semana, com todos os custos que tal acarreta”, conta a aluna. Porém, a diligência de nada adiantou, já que apenas lhe foi dito para aguardar por novidades. “Pediram-me para ‘ir vendo’ a página dos SAS, estando atenta às novas listagens, que deveriam sair em breve com a situação regularizada – asseguraram-me que antes do Natal já teria bolsa”, revela.
“Saíram novas listagens, em Novembro. Desta vez, a informação relativa ao meu processo era ainda mais preocupante: ‘Indeferido’”, refere Carolina Lapa. O rendimento familiar da estudante não se alterou, apesar de a comunicação dos SAS prever indeferimentos a estudantes com a situação académica regularizada – nesse caso, pede-se mais uma vez para aguardar por nova publicação de resultados. Carolina Lapa é que já não pode esperar muito mais tempo. “Vou ter que pagar 140 euros pela carta de curso, para me poder inscrever, e a minha família tem dificuldades para fazer face a todas estas despesas”, desabafa.
Serviços de Acção Social declinam responsabilidades
Para Carlos Silva, administrador dos SAS, “não há atrasos nas bolsas”. Pelo menos, no que diz respeito aos serviços que dirige. “Só não pagamos as bolsas, e isto não é da responsabilidade dos SAS, quando o aluno não tem a situação académica em dia”, assevera o responsável, que admite que esta situação, na maior parte das vezes, “não tem a ver com a situação de facto do aluno, mas sim com alguns atrasos de situações como processos de equivalência”, da responsabilidade das direcções de curso.
O administrador faz ainda um levantamento dos casos mais 'bicudos' relativos às bolsas. “No caso dos mestrados, em que as inscrições são feitas em Dezembro, nós não podemos pagar a bolsa porque o aluno não se encontra inscrito no segundo ciclo”, refere, acrescentando que “nessas situações os alunos estão a receber muito mais tarde a bolsa do que os outros. Mas isso é algo que ultrapassa os SAS”, afirma.
Não é só o curso de CC que está a dar problemas. Segundo o responsável pelos SAS, há “um outro curso de mestrado, na área de Psicologia, que tem problemas em termos de inscrição”. Esses e os alunos de Comunicação, são, nas palavras de Silva, a excepção à regra: “foram os únicos alunos do segundo ciclo que apresentaram esses problemas. Mais de 200 alunos desse ciclo concorreram à bolsa, e à maior parte deles pagámo-la”, assegura.
Alunos são vítimas da gestão dos processos de equivalência de algumas Escolas
Então, o que está a causar os problemas nos cursos referidos? “Esta situação tem a ver com a gestão do processo ao nível das escolas. Há escolas que tratam do processo em Setembro, outras em Outubro, outras em Dezembro”, analisa Carlos Silva. De novo, o responsável declina responsabilidades, e garante que só não faz mais porque não pode. “Isto são coisas que têm a ver com a gestão da própria escola e não com os SAS. Se a escola tratar do processo em Setembro, nós pagamos as bolsas em Outubro, sem qualquer problema”, garante.
Os alunos não podem fazer nada. “A lei diz que um aluno do segundo ciclo tem 30 dias, após a inscrição, para entregar o processo [de candidatura à bolsa]. Teoricamente, se o aluno faz a inscrição agora, e se entregar agora o processo da bolsa, ainda está a tempo de o fazer”. Porém, “vai demorar mais tempo a receber a bolsa”. Apesar de tudo, Carlos Silva reconhece que a situação “não é culpa dos alunos, que acabam por ser vítimas dos atrasos”.
O responsável pelos SAS faz ainda questão de salientar que há excepções. “Há casos de extrema carência económica, e aí temos de salvaguardar os interesses do aluno – intervimos na situação e tentamos acelerar o processo”, informa Silva. Também nesses casos “o problema são as equivalências, algumas só concluídas no final de Novembro”. Neste ano de transição e adaptação ao novo modelo do Ensino Superior, o administrador lamenta não ter “mecanismos legais que permitam pagar a bolsa muito mais cedo. Quem acaba por ser mais prejudicado são os alunos”.