12 outubro 2007

Alunos vivem sem condições nas residências universitárias



Ao tornar os edifícios inabitáveis, as obras forçaram os alunos da RU Loyd Braga a instalarem-se provisoriamente nos blocos D e E da Residência de Santa Tecla: Alguns preferiram mesmo optar por viver temporariamente em casa de amigos, colegas de turma e familiares. Os incómodos causados foram bastantes, não só para os deslocados (pela distância que passou a separá-los do campus de Gualtar, forçando-os a adaptar-se a novos horários e novas despesas ou pelo incómodo que causavam aos que os hospedavam), mas também para os residentes em Santa Tecla, para quem foi mais difícil obter alojamento durante o passado mês de Setembro.

O problema aumentou exponencialmente quando, no início deste mês, se juntaram dois factores-chave: novos alunos e obras nas RU's (por términar e a iniciar).
Com a chegada dos novos alunos, o reduzido espaço ainda disponível em Santa Tecla não se mostrou suficiente. Isto porque as obras na RU Loyd Braga não estão ainda concluídas e os estudantes colocados nesse espaço foram forçados a permanecer em Santa Tecla. Além disso, começarão brevemente as obras nos blocos A, B e C desta residência, o que levou já à transferência de alguns dos habitantes destes blocos (maioritariamente alunos oriundos dos PALOP, Erasmus e bolseiros) para as camaratas do bloco E e para a residência WORLDSPRu. Estes alunos foram também prejudicados por esta solução, ao ficarem muito longe do campus ou ao perderem a sua privacidade tendo sido colocados numa camarata com mais oito pessoas.
A solução encontrada pelos Serviços de Acção Social da UM (SASUM) foi colocar os alunos da Loyd nos blocos de Santa Tecla que sofrerão remodelação (A,B e C) até estarem concluídas as obras de requalificação e estes poderem voltar a habitar a Rua Professor Carlos Lloyd Braga, da freguesia de São Victor.

Testemunhos de alguns alunos

"Quem circulasse nas redondezas da RU Santa Tecla durante o dia (e à noite) de domingo, dia 30 de Setembro, pensaria que o que via era uma revolução estudantil", refere uma ex-residente de Santa Tecla. Estudantes com sacos, mochilas e malas às costas mudavam os seus pertences de uns quartos para outros para que houvesse lugar para os novos residentes que chegariam no dia seguinte. Alunos, seguranças e funcionários do Departamento de Alojamento dos SASUM circularam entre os prédios do complexo residencial "até altas horas da madrugada, fazendo barulho e perturbando o sono de quem no dia seguinte tinha aulas", acrescenta. O mesmo cenário foi frequente durante quase todos os dias da semana.

"Quando cheguei com a minha colega de quarto, no domingo à noite" refere uma outra aluna "tinha um post-it sem assinatura em cima da minha cama pedindo­me que me mudasse até dia 1. Já láestavam as coisas de alguém, mesmo sem que nós tivéssemos saído. .Mandaram-nos para um quarto que também ainda estava ocupado e depois para um outro, no Bloco A. Os quartos não tinham sido limpos pelas funcionárias, nem o material normal nos foi distribuído, mas mesmo assim tivemos de nos mudar". À aluna, residente na RU Loyd, foi explicado que as obras se prolongariam "até dia 15 de Outubro, porque as obras já acabaram mas os painéis solares que lá foram colocados para aquecer a água não eram suficientes". Nos Blocos A, B e C existem 33 quartos individuais e IIg quartos duplos, que são apoiados, por piso, por casas de banho colectivas (8 duches e 8 WC), salas de estudo (uma por piso) e salas de estar equipadas de pequenas cozinhas por cada piso. No entanto, as condições são descritas como "miseráveis" e a falta de privacidade desagrada profundamente os estudantes.
Santa Tecla sem cantina
Além de todos estes factores, o descontentamento cresce pelo encerramento da cantina de Santa Tecla para requalificação do espaço. Por esse motivo, os estudantes vêem-se forçados a deslocar-se até ao campus de Gualtar em autocarro especial e a regressar do mesmo modo uma hora depois. O obstáculo é que, até agora, esse autoca-rro transportava os alunos residentes na RU Loyd para a cantina, agora encerrada, de Santa Tecla. Juntando os frequentadores de Santa Tecla e da Loyd, um autocarro não é suficiente para o transporte até Gualtar. A isto, acrescente-se o facto de que, por estes dias, o fluxo de estudantes que recorrem à cantina de Gualtar à noite é significativo, devido à realização de actividades relacionadas com a praxe, não sendo suficiente uma hora para deslocação e jantar. Alguns alunos queixam-se ainda de não terem sido informados da mudança dos horários no Circuito UM, provocada por este encerramento, e de não possuírem agora transporte para a RU após o final do tempo lectivo.

Contactados pelo ACADÉMICO, os SASUM não prestaram qualquer tipo de esclarecimento até ao fecho desta edição. A identidade dos alunos implicados nesta reportagem não foi revelada a pedido dos próprios.
JORNAL ACADÉMICO TERÇA 9/10/07

3 comentários:

Anónimo disse...

Subescrevo tudo o que foi dito neste post. Sou (futura) "moradora" na RU Loyd, tive de ser eu prória a ligar para os serviços a perguntar se dia 1 de Outubro teria quarto na RU, pois ja tinha ouvido boatos de que as obras ainda nao estariam terminadas; mas não se dignaram a fazer um único telefonema ou a colocar um aviso no site, quem não estivesse a par de nada aparecia de malas e bagagens a porta da RU. Deram um prazo de 8/15 dias para as obras findarem. Optei por não ir para Sta Tecla, pois já estive uns meses no 1º ano nesses tais blocos e conheço perfeitamente as suas "boas" condições. Fiz então um esforço (físico e financeiro) de durante 2 semanas me descolar Maia-Braga. É então com espanto, que ontem, dia 12, recebo um telefonema dos SASUM (dignaram-se a avisar desta vez...) a avisar que só teria quarto a partir de 4ª feira, uma vez que tenho a infelicidade de estar no 4º piso, piso esse ainda não terminado. Acho que não há mais a acrescentar, considero vergonhoso que a meio de Outubro ainda não haja estabilidade para os alunos que tem a infelicidade de morar longe. Uma semana de atraso é xato e tal, mas compreende-se; duas já é exagerar, mas 3 é o descalabro... Estamos a falar d eobras que já duram a mais de 5 meses!!!

AGIR disse...

Cara anónima, é de facto lamentável o que se vai passando nas residências da Universidade. Mais grave ainda é o facto de as entidades, que têm como função salvaguardar os interesses dos alunos, o Governo, Reitoria e a Associação dos Estudantes, sejam os primeiros a demitir-se dessa função. Os alunos só poderão solucionar e melhorar a sua situação se agirem em conjunto. Tentaremos, na medida do possível, ajudar a que isso aconteça. Portanto tu ou outra pessoa que assim o entenda devem nos contactar, isto é um problema de toda a universidade não só dos que moram na residência.


Podem-nos contactar para o email: agir.uminho@gmail.com

ou para o numero: 911990951.

Saudações académicas.

Anónimo disse...

Sou morador (futuro e não por muito tempo) da residência de Sta. Tecla e não gosto das suas condições actuais.

Entrei hoje dentro da residência e fiquei espantado com o quarto que me foi indicado. Muito pequeno, com muitas coisas para limpar (coisa que eu não posso fazer devido a ter asma) e ter de pagar 25€ para limpar o quarto.

Para além disso, não sei onde é a lavandaria (nem sei se existe), há fios eléctricos soltos ou a vista (numa das áreas de acesso a um dos blocos), não existe transporte directo da residência para a UM ou se existe, não me foi informado nada disso; queria uma bicicleta no âmbito do programa "BUTE", ao que me informaram que "Ai, isso já acabou!".

Concordo que as residências são locais com qualidade baixa. Mas os estudantes da melhor academia do país deviam ser tratados de melhor forma, porque as condições como aquelas, nenhum estudante merece.

Merecemos ser tratados condignamente: o preço que pagámos de propinas mais o preço da residência não dá para melhorar aquilo?