04 abril 2008

Mariano Gago desconhece desemprego nos licenciados


Reagindo ao estudo da OCDE sobre a evolução do Ensino Superior, e que conclui que o investimento português no sector caiu a pique entre 1995 e 2004, o ministro Mariano Gago disse que “quase não há desemprego entre licenciados”, ignorando os números oficiais que dizem que o desemprego entre os licenciados duplicou nos últimos cinco anos, e que hoje são já 60 mil licenciados no desemprego.



Entre 1995 e 2004, o desinvestimento do Estado português no Ensino Superior foi dos maiores entre os 24 países da OCDE. O aumento da procura não foi acompanhado do aumento do dinheiro investido e quem pagou a diferença foram os estudantes e as famílias, através das propinas. O estudo da OCDE diz ainda que Portugal é dos países onde as desigualdades socioeconómicas mais se fazem sentir no acesso ao Ensino Superior.

Estes dados vêm dar razão aos protestos dos estudantes, que sempre acusaram os sucessivos governos de utilizarem as receitas das propinas para taparem o "buraco" orçamental no Ensino Superior, ao invés de aumentar a qualidade do ensino.

A reacção do ministro Mariano Gago foi a de desvalorizar estas conclusões. "Verifica-se que, se é que o financiamento público decresceu ligeiramente em Portugal na última década, também aumentou significativamente a possibilidade de as instituições do ensino superior atraírem investimentos privados, coisa que não acontecia em Portugal há uma década atrás", disse o ministro do Ensino Superior.

Em declarações à Rádio Renascença, Mariano Gago disse mesmo que " “quase não há desemprego entre licenciados”. Para o ministro, “o número de profissionais que sai dos cursos superiores todos os anos para o mercado de trabalho não chega e são todos absorvidos pelo mercado”.

Mas as palavras de Mariano Gago não têm correspondência na realidade dos números do desemprego: o Instituto Nacional de Estatística diz que o desemprego entre os licenciados duplicou nos últimos cinco anos, e que hoje são já 60 mil licenciados no desemprego.

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