Os membros do movimento AGIR acreditam que os alunos da Universidade do Minho não estão suficientemente informados sobre o processo de Bolonha.
Para Vítor Cunha, um aluno ligado a este movimento “até agora ainda não houve o cuidado de se informar os estudantes com clareza” que “ainda não dominam o processo de Bolonha e não têm uma opinião formada sobre o mesmo”. Em alguns cursos há disciplinas que já foram feitas e não vão entrar no novo currículo, o que é gravíssimo, pois “se ontem o curso era válido com aquele currículo, hoje não pode deixar de ter validade”, continua.
Outra questão que une os estudantes é o “financiamento do segundo ciclo". "O Governo afirma que continuará a ajudar o custeamento do segundo ciclo, mas de forma diferenciada”., o que para Marco Gaspar, do AGIR, significa “que vamos ter cursos e alunos de primeira e cursos e alunos de segunda”.
O estudante acrescenta que “se muitos alunos já desistiram com o aumento de propinas para 900€, só o agravamento das propinas, que também irá ocorrer no primeiro ciclo, expulsará muitos mais alunos”.
Alunos e docentes saem prejudicados com Processo de Bolonha
“A própria Universidade e o Governo vão gerar uma concorrência desleal, com alunos que entraram mais tarde e devido ao processo de Bolonha vão sair antes dos alunos que têm o modelo antigo”, acrescenta Vítor Cunha, para além das “perdas de crédito nos planos de transição” e do “tempo investido”.
Com a implementação de Bolonha, “o aluno vai ter menos tempo de aulas ministeriais e uma pressão muito maior para estudar por ele mesmo. Pedir aos alunos que de um ano para outro sejam autónomos nos estudos é uma utopia” alerta Cunha.
Os lugares dos professores também vão ser postos em causa. Dos docentes universitários, 80% estão contratados a prazo e, segundo Gaspar “muitos deles nem vão ser despedidos mas obrigados a despedirem-se porque o ensino superior só vai ser leccionado por doutorados”.
“Os docentes que forem para a rua nem sequer vão ter direito ao subsídio de desemprego”, afirmou. Os professores não se têm manifestado, pois sobre eles “paira o fantasma do despedimento”.
Movimento de intervenção
O AGIR é um movimento de intervenção cívica, formado por um conjunto de alunos da Universidade do Minho, que neste momento se debruçam sobre a implementação do Processo de Bolonha. A opinião de cada um é respeitada, não falam a uma só voz e o que querem essencialmente é discutir.
As suas acções passavam, em primeiro lugar, pela informação e, em segundo, em levá-las para a RGA, de forma a serem coordenadas com a Associação Académica.
Mas “a assembleia rejeitou as suas moções” e rejeitou um acto de protesto europeu para o dia 11 de Maio”, lembra Marco Gaspar. Para além disto, “não quiseram marcar uma nova RGA para a discussão de Bolonha em Braga”. Isto depois de no dia 2 de Maio se ter realizado uma RGA em Guimarães sobre o processo de Bolonha.
“Mas no dia 1 de Maio ainda não havia avisos em Guimarães que ia haver uma RGA e só no próprio dia de manhã é que os colocaram”, acusa. “Em Braga havia avisos a notificarem a RGA mas não havia transporte grátis para Guimarães”, o que “parece estranho” na opinião deste aluno.
“A RGA em Guimarães realizou-se numa sala minúscula, onde não estava quase ninguém para as moções do AGIR não serem aprovadas”. Contudo, Marco Gaspar salienta que “os alunos de Guimarães tem tanto direito de discutir Bolonha como nós, mas a verdade é que a maior parte dos cursos afectados estão em Braga”.
Vítor Cunha alerta para a urgência de se realizarem muitas mais RGA para em “informar as pessoas e depois levá-las a discutir”. Acrescenta que “a associação académica deveria ser a primeira a promover o debate e a mobilizar os alunos”.
Notícia retirada do portal ComUM Online, projecto jornalístico do Grupo dos Alunos de Comunicação Social da Universidade do Minho.
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